STJ – Judiciário estava preparado para enfrentar a pandemia, diz presidente do STJ
27 Maio, 7:39
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O presidente do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, participou nesta
terça-feira (26) do ciclo de debates da Comissão Especial de Direito
Tributário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O debate virtual foi
transmitido pelo canal da OAB no YouTube e teve como tema “Julgamentos virtuais em tempo de pandemia”.
O ministro afirmou que, com a pandemia do novo coronavírus, o Brasil e
o mundo vivem uma crise sem precedentes. “As projeções são de que, até o
fim da pandemia, teremos mais de meio milhão de pessoas mortas por esse
vírus. Temos um inimigo comum, global. Isso fez com que todos nós
tivéssemos de nos mobilizar, e a maneira de lutar varia de acordo com o
setor que está sendo atingido. A comunidade jurídica não está isenta das
consequências dessa crise”, declarou.
Para Noronha, “felizmente” o Poder Judiciário brasileiro estava um
pouco à frente em termos tecnológicos. Ele lembrou que o STJ fez alto
investimento em tecnologia nos últimos anos – o que agora permite ao
tribunal manter uma elevada produtividade, mesmo com ministros e
servidores trabalhando de forma remota.
“O Judiciário, de certa forma, é o que estava mais aparelhado para
enfrentar uma crise, no que diz respeito à modernização tecnológica. No
STJ não foi diferente. Desde o início da minha gestão, temos investido
pesadamente em tecnologia, automatizado procedimentos e remanejado a
força de trabalho dentro do tribunal”, informou.
Videoconferência
Noronha explicou que, para o STJ, não seria razoável ficar decidindo
monocraticamente durante toda a pandemia. “Somos um tribunal de teses,
que dá decisões colegiadas, e, assim, buscamos uma solução tecnológica.
Dessa forma, evoluímos para marcar as sessões por videoconferência.” A Resolução STJ/GP 9 permitiu
a realização de sessões de julgamento por videoconferência no STJ, em
caráter excepcional, durante a pandemia da Covid-19.
Ele detalhou que, no modelo de sessão por videoconferência
desenvolvido pelo STJ, estão assegurados todos os direitos dos
jurisdicionados, inclusive a participação dos advogados – que ficam
conectados no ambiente virtual aos ministros, ao representante do
Ministério Público Federal e ao assessor que coordena os trabalhos
cartorários do órgão julgador.
“O que nos preocupa muito é a transparência. Com o início das sessões
por videoconferência, as deliberações voltaram a ser públicas, com a
participação efetiva dos advogados interessados em fazer sustentação
oral ou suscitar questões de fato”, disse o ministro.
Segundo Noronha, já aconteciam sessões virtuais no tribunal, mas não
para o julgamento de questões complexas, nas quais o direito precisa ser
amadurecido. “Para alteração de jurisprudência, para questões novas, é
preciso debater, é preciso a decisão colegiada”, destacou.
Realizadas desde 2018, as sessões virtuais se destinam à análise dos
chamados recursos incidentais (ou recursos internos), como embargos de
declaração, agravos internos e agravos regimentais. As sessões virtuais
têm duração de sete dias, período em que o relator disponibiliza o seu
voto e aguarda a manifestação dos demais ministros. Pela natureza dos
recursos julgados, esse tipo de sessão não permite a sustentação oral ou
a intervenção direta dos advogados.
Futuro
Noronha avaliou que o tribunal deve começar a voltar ao trabalho
presencial a partir de agosto, o que encerraria a realização de sessões
por videoconferência das turmas, das seções e da Corte Especial.
“Não pretendemos alongar o julgamento por videoconferência para
depois do coronavírus. Ainda acho que, com o volume de processos que
chegam diariamente ao STJ, a presença física dos ministros nas sessões
ajuda muito no trabalho. O que pode ser aprimorado? A sustentação oral.
Posso ter um telão em que o advogado lá no Amazonas consiga, do seu
escritório, fazer sua sustentação”, afirmou.
O presidente do STJ defendeu o aprimoramento dos trabalhos da corte
nas sessões virtuais já implementadas para as turmas. Para ele, esse
tipo de sessão não deve ser ampliado nem deve incluir julgamento
meritórios. O ministro defendeu ainda que o voto dos ministros seja
publicado imediatamente após o julgamento.
Trabalho remoto
Noronha destacou o incremento na produção do tribunal nos últimos meses. No dia 25, o STJ divulgou os
números de sua produção em trabalho remoto – regime adotado desde 16 de
março como medida de contenção da pandemia. Até então, foram proferidas
140.268 decisões e realizadas 50 sessões virtuais dos colegiados para o
julgamento dos recursos internos.
A mediação dos debates foi feita pelo advogado Alessandro Rostagno, e
os trabalhos foram coordenados pelo presidente da Comissão Especial de
Direito Tributário da OAB, Eduardo Maneira. Também participaram do
webinário os advogados Marcus Vinicius Furtado Coêlho, Fábio Calcini,
Claudia Bernardino e Breno de Paula Oliveira.
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