CIJ e EJUS promovem seminário sobre luto na infância
Psicóloga abordou tema no contexto da pandemia.
A
Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São
Paulo (CIJ), em parceria com a Escola Judicial dos Servidores (EJUS),
realizou, nesta sexta-feira (3) o seminário on-line “Luto na Infância: O
desafio de cuidar dos lutos da criança e seu agravamento diante de
nossa própria vulnerabilidade em tempos pandêmicos”. O evento, realizado
de forma virtual pela plataforma Microsoft Teams, teve como palestrante
a psicóloga Gabriela Casellato, cofundadora, professora e supervisora
do 4 Estações Instituto de Psicologia; professora convidada dos
hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein; e representante da IAN Brasil
(International Attachment Network). O seminário contou com a mediação
do juiz Gabriel Pires de Campos Sormani, da 15ª Vara Cível do Foro
Regional de Santo Amaro, e estará disponível no media center da CIJ.
“O luto é parte da vida e estamos
sempre sujeitos a perder quem amamos. Dependendo do momento da vida em
que esta perda acontece, os impactos sobre nós são diferentes”, afirmou
Gabriela Casellato iniciando sua palestra. No caso das crianças, a
psicóloga explicou que elas percebem e compreendem a morte, mas não como
um adulto.
Até os dois anos de idade, a
morte significa ausência e falta física, apenas. “É uma brincadeira de
‘esconde-e-aparece’ em que a pessoa não aparece mais”, disse. Dos três
aos cinco anos, a criança já é capaz de interpretar a realidade, mas
ainda de forma muito egocêntrica. Nesta fase, a morte é vista como
temporária e reversível. A partir dos seis anos, a criança já entende a
morte como irreversível e muitas dúvidas surgem acerca do tema e os
sentimentos que a perda lhe causa. Segundo a palestrante, é acima dos
dez anos que a ideia de morte com um significado universal, de que
“todos vamos morrer”, toma conta da mente da criança. É a partir desta
idade, também, que elas costumam expressar comportamentos de risco, para
lidar com sua angústia.
Gabriela Casellato esclareceu que
a vivência do luto da criança é influenciada, também, pelo estilo de
apego que ela desenvolve, pelo luto e estresse dos adultos ao seu redor,
pelas circunstâncias em que se deu a perda (por doença ou de forma
violenta) e pelo significado da perda no contexto familiar ou
institucional (se a morte trouxe conforto à pessoa que estava sofrendo
ou se foi motivo de indignação e revolta).
O luto infantil, de acordo com a
palestrante, se manifesta de diversas formas: medo, tristeza, choro,
raiva, retraimento social, baixa autoestima, baixa concentração, entre
outras. Ela ressaltou que a natureza autocentrada da criança tende a
influenciar na percepção da morte, pois elas entendem que as coisas
acontecem por algo que ela tenha feito. “O adulto deve evitar que esta
criança tenha percepções distorcidas em relação à morte, o que poderá
ser notado no seu comportamento: cuidados compulsivos, tristeza, raiva,
indiferença, estados depressivos, ideação suicida e sofrimento por
querer os pais por perto.”
No contexto da pandemia de
Covid-19, seja no ambiente familiar, na escola ou em uma instituição,
adultos devem prover o senso de segurança para a criança e dar espaço
para ela se expressar, que tenha seus sentimentos e emoções valorizados.
“A criança precisa de um adulto equilibrado emocionalmente, capaz de
transmitir segurança e dar o devido suporte a ela. Um adulto com
disponibilidade emocional, de modo que seu cuidado com a criança não
seja prejudicial”, afirmou Gabriela Casellato. “Pior do que uma criança
enlutada é uma criança enlutada sem proteção. Mesmo num abrigo, é muito
importante que o adulto seja uma referência de estabilidade e que
desempenhe este papel de proteção.”
Ao final, a palestrante respondeu a perguntas dos participantes.
Comunicação Social TJSP – DM (texto) / KS (foto)
imprensatj@tjsp.jus.br
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