STJ – Menor incapaz pode ser autor em causa que tramita no Juizado Especial da Fazenda Pública
O caso envolveu uma ação de reparação por danos morais ajuizada por
uma menor, representada por sua mãe, contra o município de Porto Velho,
em razão da falta de oferecimento de vagas do ensino fundamental.
O Ministério Público de Rondônia interpôs recurso especial sob o fundamento de violação do artigo 27 da Lei 12.153/09, que determina a aplicação subsidiária da Lei 9.099/95 ao JEFP, a qual expressamente proíbe a atuação do incapaz no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis.
Para o MP, “o artigo 5º da Lei 12.153/09, ao dispor que as pessoas
físicas podem demandar no JEFP, estabeleceu uma regra geral, não
especificando se o menor/incapaz estaria incluído em tal conceito. Daí a
necessidade da aplicação do artigo 27 da mesma lei, que remete ao
artigo 8º da Lei 9.099/95, o qual, de forma específica, prescreve que o
incapaz, e, portanto, o menor, não pode demandar no JEFP”.
Regulação suficiente
O relator, ministro Benedito Gonçalves, não acolheu a argumentação.
Segundo ele, a Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, ao tratar
da legitimidade ativa das demandas que lhe são submetidas (artigo 5º),
faz alusão, tão somente, às pessoas físicas, não fazendo restrição
quanto aos incapazes, nem mesmo por ocasião das disposições acerca das
causas que excepcionam a sua competência (artigo 2º).
“Tendo havido regulação clara e suficiente acerca do tema na Lei
12.153/09, não há que se falar em omissão normativa a ensejar a
incidência do artigo 8º da Lei 9.099/95, visto ser este dispositivo
legal de cunho subsidiário e que conflita com aquele regramento
específico do Juizado Fazendário”, concluiu o relator.
O número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial.
Fonte: Superior Tribunal de Justiça/AASP
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