Alexandre quebra sigilos de dez deputados e um senador, todos bolsonaristas
Decisão foi tomada no último dia 27 no âmbito da investigação que corre no Supremo Tribunal Federal para apurar a organização e financiamento de atos antidemocráticos
Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA, Rayssa Motta e Fausto Macedo/SÃO PAULO
16 de junho de 2020 | 17h38
16 de junho de 2020 | 17h38

Os
deputados federais Daniel Silveira (PSL-RJ), Junio do Amaral (PSL-MG),
Otoni de Paula (PSC-RJ), Caroline de Toni (PSL-SC), Carla
Zambelli (PSL-SP), Alessandra da Silva Ribeiro (PSL-MG), Beatriz
Kicis (PSL-DF), General Girão (PSL-RN), José Guilherme Negrão
Peixoto (PSL-SP) e Aline Sleutjes (PSL-PR). Fotos: Reprodução/Câmara dos
Deputados
Dez
deputados e um senador, todos bolsonaristas, tiveram os sigilos fiscais
quebrados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), no inquérito que apura a organização de
financiamento de atos antidemocráticos. A informação foi obtida pela Estadão nesta terça, 16. A decisão do ministro, que conduz as investigações, foi tomada no dia 27 de maio.
Veja a lista:
Daniel Silveira, deputado federal (PSL-RJ)
Junio do Amaral, deputado federal (PSL-MG)
Otoni de Paula, deputado federal (PSC-RJ)
Caroline de Toni, deputada federal (PSL-SC)
Carla Zambelli, deputada federal (PSL-SP)
Alê Silva, deputada federal (PSL-MG)
Beatriz Kicis, deputada federal (PSL-DF)
General Girão, deputado federal (PSL-RN)
José Guilherme Negrão Peixoto, deputado federal (PSL-SP)
Aline Sleutjes, deputada federal (PSL-PR)
Arolde de Oliveira, senador (PSC-RJ)

O
senador Arolde de Oliveira (PSC-RJ), que também teve o sigilo quebrado
por determinação de Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução/Senado Federal
As
diligências do inquérito, aberto a pedido da Procuradoria-Geral da
República (PGR), começaram a andar na segunda-feira, 15, quando a
Polícia Federal deu início ao cumprimento de seis mandatos de prisão
contra integrantes do grupo bolsonarista ‘300 do Brasil’. Uma de suas
lideranças, a extremista Sara Fernanda Giromini, foi presa ontem.
De
acordo com a PGR, uma linha de apuração é que os investigados teriam
agido articuladamente com parlamentares para “financiar e promover atos
que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de
Segurança Nacional”.
Nesta terça, uma
força-tarefa voltou às ruas para fazer buscas e apreensões em São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no
Distrito Federal. Entre os alvos da ação de hoje estão o
deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), que está na
lista dos que tiveram sigilo fiscal quebrado, o blogueiro Allan dos
Santos, o empresário e advogado Luís Felipe Belmonte, principal operador
político do Aliança pelo Brasil, o publicitário Sérgio Lima, marqueteiro
do partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar, e o investidor
Otavio Fakhoury, financiador do site Crítica Nacional. A ofensiva mira
ainda youtubers bolsonaristas.
Alexandre de Moraes também é
responsável por um outro inquérito, que se debruça sobre ameaças,
ofensas e fake news disparadas contra integrantes do STF e seus
familiares. Como Moraes é relator dos dois processos, um inquérito está
subsidiando as investigações do outro.
Ao determinar a abertura do inquérito em abril deste ano, Moraes
alegou que é imprescindível a “verificação da existência de
organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a
democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime
republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança,
organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os
direitos fundamentais, a independência dos poderes instituídos e ao
Estado Democrático de Direito, trazendo como consequência o nefasto
manto do arbítrio e da ditadura”.
Na época, ao encaminhar à Corte o
pedido de investigação, o procurador-geral da República, Augusto Aras,
mencionou os nomes dos deputados federais Daniel Silveira (PSL-RJ) e Junio Amaral (PSL-MG).
COM A PALAVRA, ALÊ SILVA
“Fui
surpreendida. Eu nem sabia que eu estava envolvida nessa investigação.
Jamais pensei que estaria envolvida. Fiquei sabendo através da imprensa,
não tenho nenhuma informação concreta sobre isso. Sou uma pessoa muito
simples, tenho vivido exclusivamente do meu salário, pago as minhas
continhas, tenho ajudado entidades assistenciais. Sei dizer exatamente
cada centavo que entrou e saiu da minha conta, acho até que eles não
precisavam ter quebrado sigilo, era só pedir. Estou bem tranquila”,
disse a deputada.
COM A PALAVRA, CARLA ZAMBELLI
A
assessoria de imprensa da deputada federal Carla Zambelli esclarece que
a defesa da parlamentar não foi intimada a respeito de suposta quebra
de sigilo bancário da deputada, não sabendo sequer em qual procedimento a
referida decisão pode ter sido ultimada. Carla Zambelli afirma que “se
alguém espera encontrar algo que me comprometa, terá uma grande
decepção”.
COM A PALAVRA, JUNIO AMARAL
“Soube
pela imprensa que meu sigilo bancário estaria sendo quebrado por haver
indícios de financiamento a ‘atos antidemocráticos’. Eu pouco importo
para o que verão lá, mas chegamos no extremo. Direitos e garantias
fundamentais garantidos, salvo se apoiador do presidente”, disse o
parlamentar.
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