OMS diz que politizar coronavírus é brincar com fogo e pede liderança honesta de EUA e China
OMS diz que politizar coronavírus é brincar com fogo e pede liderança honesta de EUA e China
Diretor-geral
da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom afirmou que coronavírus
explora as fraturas nacionais e globais e vai além de partidos e
crenças
Paulo Beraldo, O Estado de S.Paulo
08 de abril de 2020 | 13h22
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta quarta-feira, 8, que politizar a pandemia do novo coronavírus é
o pior erro que os países podem cometer nesta crise. Em uma entrevista
coletiva em um tom bem mais inflamado do que as recentes, Tedros afirmou
que já sofreu ameaças de morte, foi vítima de comentários racistas e
que a politização do vírus é "brincar com fogo".
"Quando
existem fissuras no nível nacional, nos partidos políticos ou entre
grupos, é quando o vírus encontra uma oportunidade, nos explora e nos
derrota", afirmou, citando que é primordial é haver unidade nacional
para combater o vírus. Tedros lembrou que foi político - atuou como
ministro da Saúde e das Relações Exteriores da Etiópia - e reconhece as
dificuldades de fazê-lo, mas destacou que é "a coisa certa".
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde
Foto: REUTERS/Denis Balibouse/File Photo
"Não
vamos usar a covid-19 para atacar oponentes e para ganhar pontos
políticos. Precisamos de solidariedade no nível global e os mais
poderosos têm que liderar o caminho". Segundo Tedros, os cidadãos não
pertencem a partidos políticos e é preciso haver uma quarentena de
politização do vírus. "Por favor, não politizem o coronavírus. Se vocês
querem ver mais pilhas de corpos, então vocês façam isso. Se não querem,
então não façam". O líder da OMS afirmou que existem outras formas de
se provar, e não é usando o vírus. "É como brincar com fogo. Precisamos
nos comportar".
Tedros também pediu "liderança honesta" de
Estados Unidos e China e solidariedade dos países integrantes do G-20.
"Aqueles que têm diferenças devem dar as mãos para lutar juntos. Não
podemos perder tempo colocando a culpa uns nos outros". Ao responder
perguntas sobre as críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, fez sobre a OMS, chamando-a de "chinocêntrica", Tedros afirmou
que a entidade trata todos os países de maneira igual, não importando se
são maiores ou menores, mais desenvolvidos ou menos.
Tedros
Adhanom revelou que tem sido alvo de críticas e ataques racistas há
três meses, desde quando tem liderado a luta contra a pandemia. "Estou
recebendo ataques pessoais há três meses, alguns racistas e, para ser
sincero, tenho orgulho da minha cor. Até recebi ameaças de morte, mas
não me importo", disse.
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